9 de abril de 2013

Uma neurótica pra chamar de sua.


Enquanto você acorda feliz na segunda-feira por ter tido um domingo muito bom com a pessoa legal que eu sou, fico em casa fazendo as contas de que pelo menos três dessas vacas que você conversa vão ocupar o meu lugar durante a semana. Vacas essas que eu nem sei se conheço, mas já odeio. Alias, eu odeio qualquer pessoa que encoste em você, porque na minha cabeça você é meu. E odeio todo mundo que chegou na sua vida antes de mim. Odeio os seus amigos porque eles apresentam mais vacas pra você. E odeio imaginar que uma dessas vacas possa ter uma bunda mais dura que a minha porque ao invés de ficar em casa escrevendo essas maluquices fica malhando, porque ela é uma vaca rata de academia.
Durante o dia crio uma competição mental pra ver quem vai ligar primeiro. E se não é você que liga, te odeio também. Mas o meu odiar é igual do Cazuza, passa um segundo e eu tô amando mais. Aí passa mais um segundo e eu fico com medo de amar demais. Bate uma vontade de ser filha da puta, porque se por acaso você for comigo, eu fui primeiro e tenho menos uma coisa pra me lamentar. Mas você sabe que covardia é meu segundo nome, e que fica sendo o primeiro quando te imagino indo embora. Não dá pra encarar essa vida sem graça sem você.
Mas eu não sou sempre assim, consigo disfarçar na maioria das vezes. Como por exemplo, quando você vai pro banheiro tomar banho e eu continuo na sala, fingindo que o que tá passando na televisão me interessa, fuçando no seu telefone, pensando no quanto seria bom se desse pra dar uma conferida nas ligações telepáticas também.
Eu fico revezado entre ter 25 e 5 anos de idade, mesmo sabendo que isso te irrita. Mas vou continuar fazendo porque me considero uma pessoa evoluída (já que consegui superar coisas como gostar de ficar doente só pra ver todo mundo cuidando de mim). Ou talvez eu continue fazendo pra dar uma esquentada na coisa, ou talvez porque você fica mó gato irritado.
Tenho frustrações que sabe lá Deus quando vou superar. Não consigo falar a frase "confiar em homens" sem ironizar, jogar alguma piada depois. Passo três dias tranquila na proa do barco e quatro dias pendurada no mastro gritando que o barco vai afundar. Mas no fundo só quero mesmo que alguém me ajude a velejar, você sabe.
Tem “neurótica” escrita na minha testa, e tá brilhando porquê acrescentei uns leds em volta das letras. Mas tem “eu preciso de você” também. Prometo que se disser que vai gostar de mim por um bom tempo, eu tento ficar melhorzinha. A gente até toma uma coca em algum lugar, na mesma latinha com dois canudos pra ficar romântico. E olha que eu odeio coca...

8 de abril de 2013

Dessa gente, de mim mesma.



Cansei de gente assim, cansei de gente assado. Acho que cansei foi de gente, desse entra e sai. Dessa gente que gosta de você até a meia-noite e um de uma sexta-feira. De quem só procura quando está com algum problema e sabe que você pode ajudar a resolver. Cansei de me olharem vazio, me abraçarem murcho e me consolarem com um "coitadinha dela”. Porque o “coitadinha dela” é tão sem gosto quanto o olhar e o abraço. O "coitadinha dela" não diminui, não afaga, não soa compreensível, não diz que é assim mesmo, que maluco é o mundo e não eu. 
Então eu decidi que não quero mais por perto essa gente toda. E não adianta voltar atrás porque antes que eu me desse conta já estava decidido. Agora passam por mim e eu só sinto a brisa, o esbarrar. Sem promessa, sem carinho, sem drama, sem conversa. Sem choro, nem vela. Gente que entra, gente que sai, e eu nem percebo. Absorta toda vida. Descobri que me sinto mais confortável e protegida desse jeito, porque agora ficou mais fácil superar o mundo. Ficou mais fácil, mesmo que ainda muito difícil, caber em mim. 
Olhando no fundo eu sei que dos que passaram ainda ficou um pedaço e que esse pedaço dói - sempre vai doer, porque eu sou assim. E tenho uma mania de gostar até doer, de me esforçar até doer, de rir até doer. É que a dor é um ótimo parâmetro de intensidade, não só física como também sentimental. Mesmo assim não me custa mudar os hábitos. Não peço mais pra ninguém ficar, já gritei e implorei demais. Hoje fica quem quer. Não peço mais pra me amarem, peço pra eu me amar. Porque por mais egoísta que pareça, nada no mundo vale mais que isso. 

Amanda Vieira