28 de novembro de 2012

Mudaram as estações, tudo mudou.


Olhei para o lado em uma festa, vasculhei as pastas de fotos no computador e cheguei a uma conclusão: nada é mais estranho do que ser amigo de quem não é mais seu amigo. Aquela pessoa que já dormiu e acordou do seu lado; conhece suas manias; sabe que você chorou por aquele idiota mesmo que você negue isso até a morte; que você tem calcinha/cueca furada e que não consegue desapegar. Aquela pessoa que dividiu com você aqueles momentos que não dividiria com mais ninguém... 
Então essa pessoa hoje passa, te cumprimenta com beijinhos no rosto e vocês ficam ali, falando um monte de coisas e ao mesmo tempo nada. Pensando: "como ela tá diferente, como ela não mudou". Não tem nada mais estranho que isso, verdade. Não tem nada mais normal que isso, verdade também. Quantas vezes ainda passarei? Milhares! Nessas voltas que o mundo dá - e que eu nunca, nunquinha, irei entender, muita gente vai passar. Muita gente vai ficar, muita gente vai mudar a gente, vai plantar um pedacinho dela. Você vai colher, vai cuidar, vai carregar e mesmo que ela não fique, o pedacinho ficou. 
Mesmo que ela vá embora você ainda saberá que ela nunca desliga o despertador e sempre acorda irritada em finais de semana quando ele toca; que ela dorme com a mão colada na parede; que tem trauma do primeiro beijo e que come comida no café da manhã. Mesmo assim, mesmo sabendo de tudo, vocês vão se esbarrar, vocês vão se olhar e constatar: como ela tá diferente, como ela mudou... Mas ninguém vai abrir a boca e falar disso, afinal, vocês são amigos.

24 de novembro de 2012

Expectativa x Realidade


“Quando eu tiver 19 anos não vou chorar escondida sentada no chão do banheiro, no cantinho entre a parede e o vaso. Quando eu tiver 19 anos não vou levar pra casa todos os gatinhos que encontrar pela rua. Quando eu tiver 19 anos não vou acreditar sempre que alguém disser o quanto gosta de mim, muito menos entregar meu coração numa bandeja sem ter provas concretas de que será recíproco. Quando eu tiver 19 anos vou falar menos - principalmente sobre minha própria vida,  principalmente com qualquer estranho que esbarro por aí. Quando eu tiver 19 anos aprenderei o que é ser racional, na teoria e na prática. Quando eu tiver 19 anos camarão não será mais uma coisa que amo comer até colocar na boca. Quando eu tiver 19 anos não farei tanto drama, nem aparentarei gostar de sofrer...”
Tenho 19 anos e nada disso mudou. Claro que algumas mudanças vieram, claro que eu amadureci e é claro que vivo levando porrada. Isso faz parte, não faz? Talvez se o que eu prometi tivesse se cumprido não levaria de uma mão, porém, em contrapartida, levaria de outra. Não estava preparada pra ser adulta com 12, nem com 15... Não estou preparada aos 19. Se tenho mania de querer de mais dos outros, quem dirá do mundo... Esperava que as pessoas fossem de verdade; esperava que as coisas fossem mais descomplicadas (pessoas independentes não deveriam ser menos complicadas?; esperava não querer tanto o colo da minha mãe, se não o dela, de alguém que diga que vai ficar tudo bem. Que, como diz o Veríssimo, o mundo não é ruim, só está mal frequentado. Sei, a tendência não é melhorar, e sim o contrário. Que daqui um tempo posso não ter o colo da minha mãe e que meu primeiro dia de faculdade não foi o último em que me senti invisível na vida. Sei que encontrarei mais pessoas vazias, mais pessoas atoa, mais pessoas que não valeria a pena, nem por um segundo, encontrar. Mas não me custa ser otimista, não me custa tentar pensar e sentir coisas bonitas quando o mundo está feio. “E quando eu tiver 30 anos...”

23 de novembro de 2012

Amormania.


Penso muitas coisas durante o dia — muitas mesmo. Ultimamente tenho percebido que um pensamento insiste em se destacar, às vezes até interrompe os outros. É sobre como realmente só sabemos o quanto somos felizes quando a felicidade resolve entrar de férias.  Eu não sou o tipo de pessoa que só dá valor quando perde. Muito pelo contrário, eu dou muito valor. Dou cada centímetro do meu corpo, cada segundo dos meus pensamentos malucos, quanto tempo conseguir e quanto coração a pessoa aguentar receber (ele é grande).
Tudo aconteceu depois que você foi embora. A fila das coisas que eu deveria ter sofrido e sufoquei resolveu andar. Assim, tudo de uma vez. “Crueldade! Só porque eu não tenho um ombro pra chorar vocês aparecem?”. Outra coisa, sempre achei mesquinharia dizer que está sozinho quando se tem tanta gente do lado. Afinal, existem pessoas piores por aí. Agora a mesquinha sou eu. Não quero ser assim, eu tenho família, amigos, até umas pessoas chatas que puxam assunto todos os dias e eu respondo por educação.  Mas, puta merda, que falta ele me faz. Que falta de ter um nariz passando no meu pescoço e dizendo o quanto ele é bonito. Por Deus, que pessoa acha um pescoço bonito? Você acha. Deve ser por isso que gostei tanto de você. Isso é coisa de gente estranha. Eu também sou estranha.
Sinto muita coisa que não quero sentir e me obrigo a sentir coisas que quero querer. Nesse momento queria não falar de você, não falar de amor. Deixar de fora da minha vida estas teclas do meu teclado, ver se as outras ficam gastas como elas. Quantos textos falando de você eu tenho perdidos pelo computador? Um... Dois... Mil! Volto a sentir coisas que sentia antes de você ter entrado na minha vida, mas naquela época eu tinha 17. Agora tenho 19. Eu sei, não é muita diferença, mas já acho feio uma moçona, universitária, que já se acha muita coisa no mundo, chorando pelos cantos e reclamando da vida. Brigando com você na sua frente e chorando quando você dá as costas. Minha boca quase te expulsa, mas meu coração grita: “Ei, volta aqui, fica mais um pouco! Fica até que eu precise de bengalas.”  Fica e me ajeita de novo. Fica e vê se tapa essa droga de buraco que você abriu. Fica e me põe pra dormir agora. Fica e silencia meus pensamentos. Neles só dá você.

Amanda Vieira.