Eu
sei que você já amou algumas vezes. Também sei que essas vezes não deram certo.
Na primeira, você quis tanto um amor que quando o teve, não quis mais. Como uma
criança mimada que enjoa rápido do doce. Na segunda, nada parecia muito bom. O
abraço e o beijo não encaixavam. As ideias, muito menos. Mas você insistiu pelo
tremor no corpo que aquele beijo com força e aquele abraço desajeitado lhe
causavam. Achou até que seria a última tentativa... Mas não foi. Na terceira,
ele queria você, mas você queria o mundo. Na quarta, você o queria e ele, não
só queria o mundo, como também todas as outras. Na quinta, nem houve tempo dele
saber que era amor. Na sexta, na sétima... Eu sei que você já amou algumas
vezes, sei também que você cansou depois de todas elas.
Amores falidos
colocam qualquer questão de física quântica no chinelo. Incomodam, frustram,
enfraquecem. São como setas que apontam um caminho numa estrada. O caminho para
o não-amor. O que decora e alegra sem apego. Como flores de plástico em um
canto na sala. Você sorri quando elas chegam
e não chora quando morrem. Você decora sem precisar combinar sua vida com a delas.
Não precisa mudar o móvel para onde bata sol, não precisa regar, não cria
expectativas com seus brotinhos.
Flores de plástico
te poupam do mergulho - o da emoção. Mas veja, é pulando que seguramos firme. É
pulando que temos fé. Fé no amor e na renovação das águas, porque se não der
certo hoje, com toda certeza, dará amanhã. E se o certo durar vinte anos ou vinte
minutos, terá valido a pena pelas sensações. Amores vão, amores vêm. Pessoas vão,
pessoas vêm. E você, minha querida (o), continua inteira. E a vida, a vida se
acostuma com como você a decora.
Flores de plástico não morrem, porém não
perfumam.
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